terça-feira, 29 de junho de 2010

 

Estamos a poucos dias da data magna da Bahia, cabendo uma reflexão sobre o significado da grande data para o povo baiano, tão esquecido dos feitos do passado quanto envolvido pelas repercussões dos escândalos de hoje Ao invés, pois, de divulgarmos aqui e agora os desmandos ocorridos no meio político do país, dos quais nos envergonhamos, recordamos fatos e personalidades que nos enchem de orgulho, porque falam da bravura e do patriotismo da nossa gente.

Para tanto valem rememorados episódios curiosos relacionados com a preparação do centenário do Dois de Julho e as providências adotadas pelo governo central para as comemorações do centenário da independência nacional a partir da criação da comissão executiva do memorável acontecimento. Tal circunstância ocorreu a 14 de novembro de 1919. Naquela oportunidade, seguiu para Lisboa o historiador baiano, Braz do Amaral, a fim de conhecer o que disseram os portugueses sobre a campanha pela independência. Entretanto, lá não se deteve por muito tempo, convocado que foi a voltar ao país a fim de defender os interesses da Bahia, na conferência de limites, reunida de junho a julho de 1920, no Rio de Janeiro.

Todavia, solicitou Braz do Amaral algumas cópias dos autos do processo a que foi submetido o general Madeira de Melo, após evacuação de Salvador, que lhe foram enviadas com autenticação do Arquivo Histórico Militar de Portugal. Além dessas peças, analisou outros documentos do Arquivo Público da Bahia e manuscritos da Biblioteca Nacional, com os quais elaborou o livro História da Independência da Bahia, editado, pela primeira vez, em 1923, seguindo-se a edição de 1957.

Já àquela altura o historiador baiano destaca o papel desempenhado pelo governo interino de Cachoeira, a quem atribui o sucesso da campanha. Com efeito, a sublevação das vilas do Recôncavo exerceram papel essencial naquele episódio memorável da nossa história, pois foram seus dirigentes que organizaram a reação contra o domínio português.

Autores renomados de ontem, como Braz do Amaral, e de hoje, que são muito numerosos, consideram como ponto inicial para a conquista da independência pátria a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as nações estrangeiras, sugerida ao príncipe regente D.João por José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairú. Os acontecimentos se precipitaram também após a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido e, especialmente, depois da revolução portuguesa de 1820.

Tendo sido editado, pela segunda vez, há 48 anos, julgo pertinente fazer nova edição do livro pioneiro de Braz do Amaral, não só por ser obra de consulta de referência obrigatória, como por não ser localizada facilmente na biblioteca do nosso Estado.

Este texto pretende, pois, exaltar o trabalho de um dos mais ilustres historiadores da Bahia, nascido em Salvador a 2 de novembro de 1861. Era seu pai o Capitão do corpo de Polícia de Salvador, Braz Hermenegildo do Amaral e sua mãe Josefina Virgínia do Amaral.

Relata Marieta Alves ter seu genitor participado “com destaque” da guerra do Paraguai, de onde voltou com o peito coberto de medalhas, e a venera de Cavaleiro da Ordem de Cristo recebida em retribuição pelos serviços prestados à causa pátria.

Filho de família sem recursos, ainda cursando humanidades, atuava como professor particular para suprir as dificuldades pecuniárias do dia a dia.

Graças ao próprio empenho, Braz do Amaral matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, tendo alcançado, pela aplicação aos estudos, o internato na cadeira de cirurgia. Em 1886 diplomou-se médico, alcançando pouco depois o cargo de professor adjunto, preparador e substituto de clínica obstétrica e das cadeiras de patologia externa e clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina da Bahia.

Não foi, todavia, como médico que se projetou na Bahia e no Brasil, mas como professor de história pátria e universal no Ginásio da Bahia, estabelecimentos particulares de ensino e, especialmente, historiador da sua terra.

Homem de cultura e de saber, foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em 1894. Na instituição ocupou vários cargos até falecer em 2 de fevereiro de 1949, quando a Bahia se preparava para festejar seus quatrocentos anos de fundação e fora ele escolhido presidente da Comissão Organizadora do Primeiro Congresso de História da Bahia.

Autor de numerosos trabalhos destacam-se anotações feitas nos seis volumes das “Memórias Históricas e Políticas da Bahia”, de Inácio Acciolli e nas “Recopilações de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas”, de Luiz dos Santos Vilhena, sem falar na “História da Bahia do Império à República”, “História da Independência da Bahia”, “A Conspiração Baiana de 1798” e “Recordações Históricas”.

Escreveu e publicou “Discursos e Conferências”, na condição de orador do Instituto, além de colaborar em sua revista. Escritor e historiador foi membro da Academia de Letras da Bahia, tendo ocupado a cadeira nº 4, cujo patrono é o historiador Sebastião da Rocha Pita.

Sobre a retirada de Madeira de Melo da Bahia, Braz do Amaral assinala: “Fica fora de dúvida que: a causa determinante da evacuação da Bahia pelas tropas portuguesas, foi a falta de víveres”. Acrescentando a informação conclui: “Também se averigua pelos documentos aí juntos que a retirada estava prevista nas instruções mandadas pelo governo de Lisboa ao comandante da Praça, pois refere ele, claramente, que lhe fora recomendado, no caso de não se poder manter na Bahia, a evacuação da cidade, destruindo tudo o que não pudesse levar de vitualhas e material bélico, o que explica ter Madeira de Melo evitado a capitulação”.

Recordá-lo neste instante é homenagear um baiano ilustre que se ocupou da história da sua terra, tratando com especial interesse a campanha do 2 de Julho.

EsPCEx

PROCESSO SELETIVO (PS) DE ADMISSÃO À ESPCEX 2010 (MATRÍCULA 2011)

ORIENTAÇÕES AOS CANDIDATOS
Período de inscrição: 1º de junho a 14 de julho de 2010.
Como se inscrever: pela Internet nos endereços www.espcex.ensino.eb.br.
Taxa de inscrição: R$ 70,00 via Boleto Bancário.
Data de pagamento proposta: até 16 de julho de 2010.
Número de vagas para o concurso 2010 (Matrícula 2011): 520 (quinhentos e vinte).
Candidatos: brasileiros natos do sexo masculino.
Faixa etária: de 16 a 21 anos até 31 de dezembro de 2011.
Escolaridade exigida: estar cursando ou ter cursado, no mínimo, a 2ª série do ensino médio.
Provas do Concurso de Admissão:
18 de setembro de 2010 (sábado) - Física-Química e Geografia-História (Questões objetivas)
19 de setembro de 2010 (domingo) - Matemática, Português (Questões objetivas) e Redação (Questão discursiva)

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO


 Iluminismo
Gilberto Salomão*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Reprodução
Voltaire foi um crítico sarcástico do absolutismo e da intolerância religiosa
O final do século 16 e o século 17 foram um período pródigo no surgimento de vultos que podem ser vistos como geradores das bases da ciência moderna. Entre esses expoentes, podemos citar o inglês Isaac Newton
(1642-1727). Seu princípio da gravitação universal reforçou a idéia de que o universo é regido por leis físicas e não por interferências divinas.

Ao lado dele, o francês René Descartes (1596-1650) defendeu a universalidade da razão como o único caminho para o conhecimento, sintetizando seu pensamento na frase "penso, logo existo". A mesma atitude pode ser complementada, por exemplo, por Francis Bacon (1561-1626), pai do empirismo e do experimentalismo, métodos que em si só negavam a fé como um instrumento de conhecimento.

No âmbito político, a Inglaterra forneceu um fenômeno fundamental para a formação de um pensamento contrário ao absolutismo. Trata-se da Revolução Gloriosa, ocorrida entre 1688 e 1689, na qual foi deposto o rei Jaime 2º e empossado Guilherme de Orange.

A Declaração de Direitos (Bill of Rights), imposta ao novo rei, criava um novo pacto entre o rei e a nação, na qual este seria apenas um depositário do poder que, efetivamente, emanaria do povo, através de seus representantes eleitos. Fundamentava-se ali o princípio da monarquia parlamentar, consagrada na máxima de que "o rei reina, mas não governa", cabendo ao Parlamento, formado por representantes eleitos da nação, a função de governar de fato o país.

Locke e o liberalismo político

O principal teórico da Revolução Gloriosa, John Locke, pode ser visto como o grande formulador dos princípios do liberalismo político. Sua análise, essencialmente racional, tinha por base a negação das concepções fundamentais de Thomas Hobbes, um dos principais defensores teóricos do absolutismo.

Partindo da própria formulação de Hobbes, de que o Estado surge da vontade e da ação do homem, Locke defende a visão de que, em sendo assim, esse Estado só é legítimo se expressar a vontade e o consentimento dos governados, manifestos através de representantes eleitos. Assim, a criação do Estado era por ele vista como um ato de liberdade do homem, e não sua negação.

Locke teorizou também sobre o direito de rebelião da sociedade civil contra um governo despótico, reforçando a concepção da necessidade da legitimidade do poder. Mais que isso, ao teorizar sobre o papel do Parlamento, por ele definido como um poder legislativo, lançou as bases da teoria da divisão de poderes, mais tarde aperfeiçoada por Montesquieu, um dos principais expoentes do pensamento iluminista.

Elementos básicos do pensamento iluminista

Partindo da tradição forjada ao longo do século 17, o Iluminismo teve no racionalismo sua base fundamental de análise. A razão, vista como a única guia para o conhecimento e o único critério para a diferenciação entre o bem e o mal, representava também uma violenta crítica ao papel desempenhado pela Igreja, de resto detentora do monopólio do ensino em vários países europeus.

No âmbito político, o elemento central foi a defesa da liberdade política, numa negação do absolutismo que ainda caracterizava as monarquias européias, à exceção da Inglaterra. Tal liberdade manifesta-se na existência de órgãos de participação política que limitem o poder do governante e permitam aos cidadãos expressarem seus anseios acima e além da vontade do governante.

Ao lado dessa visão liberal em termos políticos, a defesa da liberdade econômica foi uma constante no pensamento iluminista, negando a intervenção do Estado na economia, base fundamental da atuação das monarquias absolutistas.

Em termos sociais, o Iluminismo tinha por base a defesa da igualdade social, aqui entendida como a negação dos privilégios de que gozavam a nobreza e o clero. Dessa forma, a idéia da igualdade deve ser entendida apenas como a igualdade jurídica de nascimento, não se confundindo, conforme veremos a seguir, com o princípio da democracia.

Por outro lado, essa mesma atitude de negação a privilégios explica, em parte, o forte anticlericalismo que pautou o pensamento iluminista. Essa atitude também é fruto do racionalismo que tinha na Igreja e no pensamento religioso seu grande inimigo.

Principais nomes do pensamento iluminista

É importante considerar que o Iluminismo expressa um momento em que a iniciativa histórica está nas mãos da burguesia. Assim, os pensadores do período, de modo geral, externam uma visão ligada aos interesses dessa classe. Não há no pensamento iluminista, à exceção de Rousseau, como veremos a seguir, uma concepção popular ou mesmo democrática da sociedade.

No plano das idéias essencialmente políticas, o nome mais importante é o de Carlos Secondand, barão de Montesquieu (1689-1755). Tomando por base as idéias de John Locke, ele defendeu a concepção da soberania do povo, ridicularizando os costumes e as instituições vigentes no Absolutismo. Em sua obra "O Espírito das Leis", estabeleceu a teoria da divisão de poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, cuja independência e equilíbrio eram a única maneira de se assegurar a liberdade. Cabe lembrar que a essência dessa concepção não é original.

Em sua obra "Tratado sobre o Governo Civil", Locke já havia esboçado a teoria da divisão de poderes, baseado em suas conclusões sobre o significado da Revolução Gloriosa na Inglaterra. O mérito de Montesquieu é o de ter dado às formulações de Locke um corpo final e definitivo, a ponto de os Estados até hoje se organizarem segundo sua visão.

François Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), foi um crítico sarcástico do absolutismo e da intolerância religiosa. Exilado na Inglaterra, tomou a monarquia parlamentar como exemplo de governo esclarecido. Ficou conhecido especialmente por seu anticlericalismo e por suas violentas críticas à estrutura de privilégios que marcava o Antigo Regime. Além disso, são dele as formulações mais importantes acerca do modelo educacional que deveria ser adotado, privilegiando a ciência e a razão em detrimento da fé e dos dogmas.

Rousseau e a vontade da maioria

O matemático Jean D'Alembert (1717-1783) e o filósofo Denis Diderot (1713-1784) foram responsáveis pela organização da Enciclopédia, obra que pretendia sintetizar o pensamento iluminista, abrangendo todos os campos do conhecimento. Formada por 35 volumes e pelo trabalho de 130 colaboradores, teve como idéias centrais a valorização da razão como contraponto à fé, a ciência concebida como meio de se alcançar o progresso; a crítica à Igreja e ao clero pelo seu endosso ao absolutismo e a concepção do governo como resultante de um contrato entre governantes e governados.

Uma postura diferenciada é defendida por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Assumindo uma visão bem mais popular e, no moderno sentido do termo, democrática, Rousseau defendeu a tese da bondade natural do homem, pervertido pela civilização, concebendo o bom selvagem ("Emílio" e "Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens"). Nesta obra ele defende que a propriedade é a origem da desigualdade e responsável pela miséria humana.

Coerente com essa posição, ele é o único dos principais nomes do Iluminismo a defender o voto universal. Em seu texto mais famoso, "O Contrato Social", formulou a teoria da vontade geral, que situava a soberania na vontade da maioria. Sua teoria teve grande aceitação entre a pequena burguesia e as camadas populares, dado seu caráter de formulação de um Estado democrático. Num certo aspecto, Rousseau pode ser visto como um precursor das idéias socialistas do século 19.

Iluminismo

Iluminismo (1)

Ascensão da burguesia e crise do Antigo Regime

Gilberto Salomão*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A chamada Idade Moderna, na Europa, foi vivida sob a égide de dois componentes essenciais e complementares, o Estado absolutista e o mercantilismo. A integração entre esses dois elementos é o que dá a tônica e a significação histórica do período.

A monarquia absolutista definiu-se pelo seu próprio caráter social. Tratava-se de um Estado nobre, no qual a velha nobreza feudal encontrava-se resguardada por um Estado forte, capaz de garantir suas terras e privilégios, bem como seu poder político e a contenção das revoltas camponesas.

Para isso, a nobreza abriu mão de uma série de características feudais, como a autonomia política e militar, adaptando-se a uma nova forma de domínio, na qual, em troca da autonomia perdida, gozava de uma série de regalias que só poderiam ser concedidas por um Estado forte e centralizado.

Ao mesmo tempo, a sustentação efetiva do Estado dependia de sua capacidade de manter um exército poderoso, a administração eficiente e a justiça sob controle e de abrir estradas que permitissem ao rei o acesso aos vários cantos do país. Tudo isso gerava a necessidade de que o Estado tivesse uma arrecadação capaz de suprir os recursos necessários à manutenção dessa estrutura.

Trata-se de um momento transitório, no qual a atividade feudal - decadente, mas ainda fundamental - convivia com uma crescente atividade mercantil. Entretanto, deve-se considerar que a agricultura, a atividade feudal, a terra, enfim, estava nas mãos da nobreza, que tinha como um de seus privilégios a isenção do pagamento de tributos. Assim, tudo o que o Estado arrecadasse proviria, necessariamente, da atividade mercantil, a qual teve que ser, portanto, dinamizada.

Ação econômica das monarquias

Se tomarmos todos os grandes empreendimentos mercantis do período inicial da Idade Moderna (expansão marítima, montagem do sistema colonial, formação de poderosas marinhas mercantes, abertura de estradas, construção de portos, estabelecimento de condições para o tráfico negreiro etc.), veremos que todos eles tiveram nas monarquias européias seu principal agente.

Assim, compreendemos que a ação econômica das monarquias foi um instrumento fundamental para seu próprio fortalecimento, ao mesmo tempo em que, indiretamente, e sem que fosse esse seu objetivo, proporcionava condições para o enriquecimento da burguesia.

Claro que a necessidade de sustentação econômica levou as monarquias a uma preocupação constante, total, obsessiva com a economia. Tal preocupação manifestou-se através de uma série de leis, práticas, imposições, ações diretas, através das quais o Estado visava controlar a atividade econômica, notadamente o comércio.

Pela primeira vez na História, a economia era vista de um modo sistemático, com o Estado atuando de modo a direcioná-la para determinados segmentos. Pela primeira vez havia o que se pode chamar de uma política econômica, a qual foi, posteriormente, chamada de mercantilismo.

Mercantilismo e ascensão da burguesia

O mercantilismo foi, como sabemos, responsável pelo enriquecimento europeu, pela consolidação das monarquias absolutistas, mas foi, igualmente, responsável pela ascensão da burguesia, a qual, a partir dos lucros gerados pela riqueza mercantil, foi-se tornando cada vez mais rica e independente da prática do Estado.

Assim, configurou-se a natureza contraditória do Estado absolutista. As mesmas práticas que levaram ao seu fortalecimento levaram também à ascensão da camada que acabou por destruí-lo.

O século 18 representa, na Europa, o clímax dessa contradição. Existem monarquias poderosas, nas quais o poder do rei confunde-se com a própria essência do Estado, tendo ao lado uma nobreza decadente e cada vez mais parasitária em relação às regalias que o Estado lhe concede. E há, ao mesmo tempo, uma burguesia rica, já liberta da necessidade de um Estado para implementar as condições para o seu crescimento.

Essa burguesia ascendente já não aceita mais o absolutismo e a intervenção do Estado na economia, consubstanciada nos princípios mercantilistas, nem os privilégios cada vez mais onerosos da nobreza, pagos com o dinheiro gerado pela ação econômica burguesa.

Iluminismo: visão racional e científica

É essa realidade que deu ensejo a um novo movimento cultural, ao qual se deu o nome de Ilustração ou Iluminismo. Trata-se de um amplo movimento artístico, filosófico, literário e científico que, historicamente, sintetiza a expressão teórica de um momento no qual a burguesia já não aceita mais as características que marcam a vida européia, às quais o próprio Iluminismo deu o nome de Antigo Regime, e coloca-se como uma alternativa de poder.

A própria designação já é em si pejorativa. A palavra "antigo" não tem aqui qualquer sentido cronológico, dado que o conceito refere-se a uma realidade presente à época em que foi criado. Ao contrário, ele aparece aqui no sentido de ultrapassado, superado, retrógrado, denotando toda a extensão da crítica que essa nova visão de mundo significava.

Um elemento essencial dessa crítica é a defesa de uma visão racional e científica, em oposição aos velhos valores baseados nas tradições e na fé católica. O próprio termo Iluminismo liga-se a essa visão de que a razão e a ciência trariam a luz que ira superar o obscurantismo da fé e dos dogmas. Não por acaso, o século 18 ficou conhecido como Século das Luzes.

As idéias iluministas, naturalmente, não surgiram subitamente no século 18. Ao contrário, elas remontam a uma tradição racional que vinha sendo forjada desde o Renascimento cultural. Em certos aspectos, podemos afirmar que o Iluminismo apresenta uma linha de continuidade com o pensamento renascentista, mesmo que este tenha sido solapado pela influência da religiosidade exacerbada com as reformas protestantes e a Contra-Reforma católica.

Renascimento

Estude o Renascimento sem precisar da "decoreba"
Silvio Adega Pera*
Especial para o VestibUOL
O Renascimento pode ser definido como um processo de renovação cultural que se desenvolveu na Europa entre os séculos XIV a XVI, mas que teve profundas repercussões em toda a Idade Moderna (séc.XV a XVIII). Manifestou-se em todas as áreas da produção cultural e artística, como por exemplo na música, na literatura, na educação, filosofia, artes plásticas e nas ciências em geral. Este movimento foi muito influenciado pela retomada vigorosa da cultura clássica (de Grécia e Roma antigas) que vinha sendo feita pela elite intelectual do período, os humanistas. Pode ser considerado também como uma espécie de ruptura com a Cultura Medieval, que tinha como sua temática principal Deus e os valores da religião cristã católica.

O Renascimento constituiu-se numa das manifestações mais fecundas e criativas da história do Ocidente e permitiu uma reflexão mais profunda acerca das estruturas sociais vigentes, a renovação do pensamento religioso e uma nova imagem que o homem tinha de si mesmo.

Uma das formas mais ricas para se mergulhar neste assunto é através das obras produzidas pelos artistas e intelectuais da época. Filmes, passeios a museus e viagens pela internet podem ser um bom caminho para isso. Vão aqui algumas sugestões:

Literatura
A melhor maneira de conhecer a literatura produzida no Renascimento é ler suas obras, sendo que as principais são publicadas por várias editoras e facilmente encontrada em bibliotecas e livrarias. Dom Quixote , de Miguel de Cervantes (1547 - 1616) conta a história do famoso cavaleiro de La Mancha em um aventura errante pela Espanha para fazer uma crítica aos valores da época medieval, que já não mais serviam nesse novo mundo. Shakespeare (1564 - 1616) foi um escritor de enorme popularidade em sua época e suas peças eram assistidas por milhares de pessoas, em geral gente do povo da cidade, que lotavam a platéia do Globe ou do Rose, os dois teatros mais importantes de Londres naqueles tempos. Seus textos também podem ser documentos fundamentais para se entender a Inglaterra do século XVI, além de serem leituras maravilhosas. A Edições de Ouro lançou recentemente a obra completa de Shakespeare em 3 volumes e bastante acessíveis. Além disso procure saber se alguns desses textos não estão sendo encenados no momento. Numa cidade como São Paulo, por exemplo, que tem uma atividade teatral muito rica, é raro que não haja uma ou mais de suas peças em cartaz. Convide alguém e vá ao teatro!

Cinema
Algumas sugestões cinematográficas que estão disponíveis em vídeo-cassete: Há diversas versões cinematográficas da obra de Shakespeare e o ator Laurence Olivier é um especialista nelas: Henrique V (1944), Hamlet (1948), Ricardo III (1956), Otelo (1965),entre outras foram estreladas por ele e você pode encontrá-las nas boas video-locadoras. Outro especialista em filmes a partir das obras de Shakespeare é o ator/diretor inglês Kenneth Branagah que dirigiu Henrique V(1989), Muito Barulho por Nada (1991), Hamlet (1995) e Sonhos de Uma Noite de Verão(1999). Vale a pena conferir! Há ainda o famoso Romeu e Julieta (Franco Zefirelli.1968) que faz uma bela reconstituição de época da Verona medieval onde se passa a história, mas também há uma versão modernosa, de 1997, com Leonardo di Caprio e Claire Danes, que mantém todo o texto original. Veja também: Shakespeare Apaixonado (John Madden. 1998), uma fantasia em torno do processo de criação da tragédia Romeu e Julieta e a vida sentimental de William Shakespeare, ao final do século XVI, quando o governo inglês proibia que mulheres trabalhassem no teatro.

Conquista Sangrenta ( de Paul Verhoeven.1985) conta a história de um nobre que no século XVI usa de recursos científicos e algumas invenções de Leonardo da Vinci para vencer uma guerra contra um bando de guerreiros.

Agonia e Êxtase (de Carol Reed. 1965) O papa Julio II contratou Michelangelo em 1505 para pintar o teto da Capela Sistina, no Vaticano. O filme mostra os conflitos entre o papa e o artista que cercaram a execução a execução da obra.

Passeio
Um dos maiores acervos do Renascimento, fora da Europa, está no Brasil, no MASP (Museu de Arte de São Paulo) que fica na avenida Paulista 1578 (tel: 251 - 5644).Lá você encontra obras dos maiores artistas daquele período como Botticelli, Tintoreto, Rafael, El Greco, Rembrandt e muitos outros. Uma visita ao MASP vale por muitas aulas de história.

Internet
Dá para acessar parte do acervo do Masp pela Internet. Lá você encontra diversas exposições virtuais, duas delas ligadas a esse nosso assunto: desenhos de Michelângelo e uma mostra de arte italiana, com obras dos séculos XIII ao XIX. Não perca! É só clicar aqui.
*Silvio Adega Pera é professor do cursinho da Poli, em São Paulo.
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